quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Matéria feita para o Jornal Laboratório do curso de Jornalismo da Unifev - Jornal Hora H

Tribos mantêm suas tradições e rituais

As tribos urbanas são grupos que têm em comum o mesmo gosto musical, estilo de roupa, linguagem e filosofia de vida e possuem diferentes denominações, que servem como uma forma de socialização. Tribos de emos, punks, hippies, wiccanos, clubber, entre outras, são comuns no dia-a-dia dos joven que procuram maneiras diferentes para se expressar.
Em Votuporanga não é diferente. A cidade é repleta de grupos com ideologias e gostos diversificados. Estilos distintos podem ser encontrados em todos os lugares, principalmente no contexto universitário. Entretanto, um dos fatores de destaque é a forma de como a sociedade encara e reage diante do modo de ser dessas pessoas.
Para os "wiccanos" e "hippies", a filosofia se baseia na busca pelo contato com a natureza. Eles tentam, através dela, tirar seu próprio sustento e encontrar com seu próprio "eu". Já para os emos, que são mais sentimentais e não têm medo ou vergonha de demonstrar sentimentos em público, o que vale é pregar a simplicidade e abrir mão de modas impostas pela mídia. De acordo com as tribos consultadas pelo Hora H, na região ainda há muito preconceito da sociedade em relação a quem segue um estilo fora do "padrão". Em geral, as pessoas têm dificuldades para aceitar posturas e costumes diferentes, o que as afasta do convívio com quem pertence a uma tribo.

Caminhos rumo ao sagrado

A Wicca é uma religião que mistura várias formas e caminhos mágicos que pretendem ligar o homem à natureza e ao seu sagrado. A filosofia do wiccano é não prejudicar nada e ninguém e respeitar o livre arbítrio de cada ser e da própria natureza. Nos seus rituais, o wiccano usa um conjunto de instrumentos: vassouras, caldeirões, bastões, pedras, flores, velas, incensos e um pentagrama ou estrela de cinco pontas. Este último é utilizado para representar os elementos da natureza (terra, fogo, ar e água) além do espírito, chamado de éter.
Para a estudande Mihacza (nome wiccano), de 18 anos, a religião mostra um caminho que alimenta a natureza espiritual da existência, ou seja, transforma a maneira como se vê o universo e o que existe nele. Diferentemente do que é pregado por algumas pessoas, a Wicca não faz bruxaria. Os seguidores não fazem magia negra e muito menos interferem no livre arbítrio do outro.

Hippies: natureza é o sustento

Nascidos nos anos 60, com a intenção de modificar a sociedade e criar um mundo de sonhos, baseado no amor na arte e na paz, o movimento hippie busca acabar com os sentimentos e pactos ruins que cobrem o planeta, como o racismo, a pobreza e a desigualdade.
O artesão Eder Luiz Trefigle, 25, que morava em São Paulo e está em Votuporanga há seis meses, conta que é filho de pais que parciparam do Movimento Hippie. Atualmente ele trabalha vendendo artesanato próprio em feiras da cidade. Todos objetos são feitos com matéria-prima que ele retira da natureza. Trefigle diz que ele mesmo replanta as espécies que usa para sempre ter material de trabalho.
Sua filosofia é não prejudicar a natureza e sim fazer dela um canal de auto-sustentabilidade. A idéia é "não copiar, mas sim criar".
O artesão tem estilo alternativo de se vestir e por isso sofre preconceito em Votuporanga. "Ao entrar em estabelecimentos, os donos sempre nos olham meio desconfiados, devido nossa aparência", conta. Um dos sonho de Trefigle é montar uma ONG (organização não-governamental) de trabalhos artesanais para ensinar crianças a tirar da natureza seu próprio sustento.

Sentimentos à flor da pele

Devirada de um movimento underground, a tribo dos emos têm como lema "a expressão dos sentimentos através de gestos carinhosos". COm um estilo de roupa mais simples, não muito colorido, de preferência preto e branco, os emos não aderem à moda. As principais características são os cabelos pretos com franja caída, olhos pintados, pulseiras e tênis All Star xadrez.
Para o estudante universitário Raphael Ghunnter, 18 anos, a vontade de se tornar emo surgiu quando ele começou a ouvir músicas que expressam sentimentos e conhecer pessoas que fazem parte da tribo. Ele conta que no começo enfrentou vários tipos de preconceitos por adotar o estilo, pois sua família não opina, mas também não apoia. Quando decidiu trilhar por este caminho alguns amigos se afastaram por não curtirem seu novo jeito de ser. Já no primeiro emprego exigiram que ele cortasse o cabelo bem curto.
Na opinião de Ghunnter, o preconceito surge porque tudo o que é diferente é encarado como agressivo.

Cristiane Vieira
Rafael Furlan

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